A ervilha pertence à família das Fabaceae, e à espécie Pisum sativum. É uma planta anual, da qual existe um grande número de variedades.
As ervilhas de debulhar, com grãos redondos e lisos, que são variedades rústicas e precoces resistentes ao frio, chamadas de inverno.
As ervilhas de debulhar com grãos enrugados, menos adaptadas a cultura precoce, porém são mais resistentes ao calor.
As ervilhas tortas das quais se consomem as vagens inteiras antes que os grãos se desenvolvam.
Tanto as ervilhas de debulhar quanto as ervilhas tortas possuem variedades trepadeiras cuja altura ultrapassa 70 cm. Elas devem necessariamente serem tutoradas. E as variedades anãs de 45 a 70 cm de altura que, em geral, não precisam ser tutoradas. Na espécie Pisum sativum existem também as ervilhas forrageiras.

Polinização

As flores da ervilha são hermafroditas e autopolinizadas, ou seja, elas possuem órgãos masculinos e femininos na mesma flor, e compatíveis entre si. Portanto existe o risco da polinização cruzada por insetos, entre diferentes variedades.
O risco é maior ou menor de acordo com as variedades e o ambiente, se existem ou não barreiras naturais.
A fim de evitar os cruzamentos, podemos cultivar duas variedades de ervilhas com uma distância de 15 metros entre uma e outra. Essa distância pode ser reduzida a alguns metros se existir uma barreira vegetal entre elas. Quando cultivamos diversas variedades na mesma horta, podemos também isolar uma delas sob uma tela mosquiteira. Devemos estar atentos para colocar a tela antes do início da floração.

Ciclo da ervilha

O cultivo da ervilha para produção de semente ocorre da mesma forma que o cultivo destinado ao consumo.
No Brasil a maioria das ervilhas podem ser semeadas antes do inverno. Mas em regiões de muito frio, a semeadura da ervilha se faz no início da primavera. Não podemos semear tarde demais pois as flores da ervilha não se polinizam quando a temperatura ultrapassa 30 graus.
Um mínimo de 50 plantas são necessárias para manter uma boa diversidade genética permitindo assim uma melhor seleção.
Durante o crescimento, tomamos o cuidado de selecionar as plantas mais bonitas, mais sãs e as mais produtivas, eliminando as mais feias.
É preferível reservar uma parte do cultivo exclusivamente para a produção de sementes, nessas plantas não colhemos nenhuma vagem fresca para o consumo.
Deixamos assim que todas amadureçam até a maturidade completa das sementes. Dessa forma conservamos a precocidade da variedade.
Para a colheita das sementes, basta deixar as plantas secarem no pé. Se for necessário, podemos terminar a secagem em um galpão. É preciso conferir que as sementes estão realmente secas mordendo um grão suavemente. Se o dente não deixar qualquer traço, a secagem está completa.

Extração, limpeza e conservação

A debulha pode ser feita a mão vagem por vagem, ou então pode ser feita batendo nas vagens com uma vara, ou pisando sobre elas.
Após a debulha, limpamos as sementes com uma peneira grossa. As sujeiras grossas são retiradas a mão e todas as pequenas sujeiras caem junto às sementes. Enfim será preciso limpar as sementes com vento, ou seja, assoprar sobre elas para retirar as últimas sujeiras leves, para isso podemos também utilizar um ventilador ou mesmo um pequeno compressor.
Devemos sempre colocar uma etiqueta com o ano da colheita, o nome da variedade e da espécie dentro do pacote, pois a escrita sobre o pacote pode às vezes se apagar.
As sementes de ervilha são frequentemente atacadas por carunchos (Bruchus pisurum), pequenos insetos que botam seus ovos ainda a campo, debaixo da pele dos grãos.
Um jeito muito simples de se livrar deles é colocar as sementes no congelador por alguns dias.
Em clima tropical e úmido, podemos colocar sílica-gel dentro do pacotinho junto as sementes. A sílica irá retirar o excesso de água das sementes e aumentará a conservação das mesmas.
As sementes de ervilha possuem uma capacidade germinativa de 3 anos que pode ir até 8 anos. Essa capacidade é prolongada pelo armazenamento das sementes a baixa temperatura, entre 3 e 8 graus.